VERONIKA DECIDES TO DIE

29 Abr
 
 
 
 
 Bem, vejamos. Depois de decidir que estou deprimida, vai dar-me medicamentos, certo? Sei que centenas de pessoas tomam e estão todas muito bem. A sério.
 Aqui estou eu a voltar ao trabalho com os meus novos anti-depressivos. Vou jantar com os meus pais e convencê-los que voltei a ser a pessoa normal que nunca dá trabalho.
 E um dia, um rapaz vai pedir-me em casamento. Irá ser amável o suficiente e os meus pais vão ficar felizes.
 No primeiro ano, vamos fazer amor a toda a hora. No segundo e no terceiro, cada vez menos. E quando começarmos a enjoar um do outro, ficarei grávida. Irei tomar conta das crianças, manter o emprego, pagar a renda. Vai manter a nossa estabilidade por uns tempos. E aí, uns dez anos depois, ele terá um caso… porque estarei ocupada demais e cansada demais. E eu vou descobrir. Vou ameaçar matá-lo a ele, à amante, e a mim própria. Acabaremos por superar. E alguns anos depois, ele terá outra. Mas desta vez vou fingir que não sei, pois… não vou achar que vale a pena fazer grande alarido. E vou viver o resto dos meus dias… às vezes, a desejar, que os meus filhos tivessem a vida que eu não tive… outras vezes, satisfeita pelas as suas vidas se tornarem repetições da minha.
Eu estou bem. A sério.
 
 
 

 
 
 
Ninguém reparou que o mundo inteiro ficou completamente louco? Por que temos tanto medo de ver as coisas como realmente são?

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